sábado, agosto 20, 2005

Dirceu Borboleta e Roberto Dinamite

Acabo de encontrar uma autêntica pérola no site do Jornal do Commercio, de Recife, que passo agora para vocês na íntegra. O autor do artigo disfarçado de fábula (do dia 24/06) é José Adalberto Ribeiro, desde já, nome de destaque na minha galeria de admiráveis.

"Um passarinho à moda de Dias Gomes e Monteiro Lobato me contou que o Bem Amado era um Príncipe barbado que governava o reino encantado de Sucupira. Dirceu Borboleta era um secretário muito treloso e cavernoso. Dirceu Borboleta vivia enfurnado nas cavernas do poder em Brasília, aliás, nas cavernas de Sucupira. Um belo dia, que por sinal não era tão belo, o cangaceiro Zeca Diabo vestiu a fantasia de Roberto Jefferson Dinamite e resolveu enfrentar o Dirceu das borboletas vermelhas, dos sapos barbados e das cobras criadas. Marcaram um duelo na Praça da Paz Celestial dos Três Poderes em Brasília. Zeca Diabo estava armado até os cotovelos para enfrentar o criador de borboletas e de serpentes vermelhas. Roberto Dinamite também vinha de longe, era criador de cobras colloridas. Todos os bichos foram convocados para assistir ao duelo das borboletas vermelhas e das cobras colloridas. Um papagaio de pirata anunciou: 'Respeitável público, este será um duelo de potência versus potência'. A macacada delirou, delirou!

O cangaceiro Roberto Dinamite, na pele de Zeca Diabo, contou ao Bem Amado barbado que Dirceu Borboleta exercitava as artes de Pedro Malasartes nos jardins suspensos das Babilônias de Brasília. Também incorporava o espírito do endiabrado monge Rasputin na Esplanada dos Monastérios. Rasputin era aquele mal cheiroso, com fama de milagreiro e as barbas de bode que enfeitiçava a aristocracia e exercia o poder à sombra dos czares nos tempos da Rússia imperial. O Rasputin tupiniquim montou um cordão de isolamento para impedir que a rafaméia se aproximasse do Bem Amado barbado. Quando tomava um chá de pir-lim-pim-pim, o Dirceu das Borboletas vermelhas era capaz de pisar no pescoço de deputados e senadores para exercer suas artes de Malasartes.

O cangaceiro Zeca Diabo na pele de Roberto Dinamite contou as estripulias do colecionador de borboletas vermelhas e de cobras criadas. Por ser inocente feito o Chapeuzinho Vermelho, o Bem Amado barbado não sabia das estripulias de Dirceu Borboleta. Ficou de queixo caído e desmanchou-se em lágrimas no muro das lamentações de uma esquina de Sucupira em Brasília. Ao cruzar a Ipiranga e a Avenida São João, alguma coisa aconteceu no coração encarnado do Bem Amado e ele mandou expulsar o Rasputin tupininquim dos paraísos do poder. Subitamente, não mais que subitamente, o ministro da Gandaia, Gilberto Gil, entrou na linha para consolar o Bem Amado e o Dirceu das borboletas vermelhas:

'Não, não chore mais! Não, não chore mais!
Bem que eu me lembro, a gente sentado ali,
Na grama do aterro do Palácio do Planalto sob o sol.
Observando estrelas vermelhas do PT junto a figurinhas de papel.
Amigos presos pelas operações da Polícia Federal, amigos sumindo assim, pra nunca mais.
Não, não chore mais! Não, não chore mais!
Bem que eu me lembro, a gente sentado ali,
Na grama do aterro do Planalto sob o céu.
Observando hipócritas disfarçados do PTB rondando ao redor.
Nas recordações do caixa 2 de Delúbio Soares,
retrato do mal em si.
Melhor é deixar pra trás as propinas pagas pelos genuínos comissários stalinistas aos traíras de Roberto Dinamite.
Tudo, tudo vai dar certo na CPI do mensalão, tudo vai dar pé'.

'Saio de mãos limpas', proclamou Dirceu Borboleta depois de utilizar creolina, permaganato de potássio, ácido clorídrico, desinfetantes, sabão Omo dupla ação, sabão Minerva, água sanitária Dragão e o detergente Ipê da bonitona Suzana Vieira. Dirceu Borboleta e o genuíno comissário dos povos stalinistas propagam: 'Hay que distribuir propinas a aliados governistas, pero sem perder la ternura jamais'.

Como diria o portuga, o mundo gira, a lusitana roda, a mula manca e assim caminha a humanidade dos povos barbudos e dos sapos barbados".

Postado no RA em 26/06/2005.