Tom Wolfe diz que romance está morrendo
Da Agência EFE
O escritor americano Tom Wolfe assegurou este domingo (4) em Buenos Aires que "o romance está morrendo rapidamente" e considerou que, para o desenvolvimento do gênero, é necessário que os autores se dediquem à vida cotidiana.
"Estamos em um período no qual o romance rapidamente está morrendo, está se suicidando. Os jovens escritores dos Estados Unidos tentaram copiar (o escritor argentino) Jorge Luis Borges, mas não eram Borges", assinalou o autor, durante uma conferência em Buenos Aires.
Na conversa, realizada no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires, Wolfe considerou que os poetas "devem sair de seus quartos e averiguar as diferentes coisas que existem no mundo" porque assim "vão tropeçar com coisas que nunca pensavam que poderiam ver".
"A não ser que saiam e as vejam, nunca as conhecerão. Os detalhes se encontram quando um se submerge na vida do outro", ressaltou.
"Nossas vidas estão cruzadas por nossas psicologias e pelo contexto social. As duas coisas são extremamente importantes", ressaltou o escritor e jornalista durante a conferência "Novo jornalismo: Uma conversa com Tom Wolfe".
O autor de "A fogueira das vaidades" indicou ainda que o jornalismo "não vai morrer, embora as pessoas só leiam informações pela internet, ou seja, notas mais curtas".
"Temos meios de comunicação elétricos há mais de 160 anos, desde o telégrafo até a internet. Mas todas as idéias importantes que mudaram os rumos surgiram da palavra impressa", destacou Wolfe durante a conversa, organizada pela Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires.
Ele ressaltou, no entanto, que muitos editores pensam que tudo tem que estar condensado, e advertiu que "há muitas revistas que acham que o Novo Jornalismo - que incorpora elementos da literatura - ocupa muito espaço, além de ser muito caro".
Segundo Wolfe, o Novo Jornalismo contempla quatro pontos compostos pelos relatos cena por cena, o uso preciso do diálogo, a anotação dos detalhes e o ponto de vista de alguns dos personagens em cada cena.
"É uma definição muito técnica. Permanece dentro dos limites do jornalismo, mas utiliza os elementos que tornaram muito popular a literatura", assinalou o escritor, que chegou à Argentina para participar da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, uma das mais importantes da América Latina.
Neste sentido, o autor de "Eu Sou Charlotte Simmons" manifestou que "não há uma técnica para a crônica, mas sim uma atitude".
"Não se aprende a ser cronista em uma escola de jornalismo. Se os senhores têm a informação que eu necessito, mereço que me dêem. Todos temos uma compulsão pela informação. E um cronista tem que estar disposto a abordar qualquer assunto", definiu.
Publicado no UOL Diversão e Arte.
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