quinta-feira, maio 11, 2006

Lula 'humilhado' por Chávez

Da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo transformado pelo seu colega venezuelano, Hugo Chávez, em um "espectador irrelevante" diante dos últimos acontecimentos na América do Sul, diz reportagem desta quinta-feira da revista britânica "The Economist".

"Muitos brasileiros reclamam que seu presidente está se tornando um espectador irrelevante em seu próprio quintal", diz o texto. Segundo a reportagem, a resposta do presidente Lula à nacionalização das reservas de petróleo e gás da Bolívia foi "débil". A nacionalização foi decretada no dia 1º deste mês pelo presidente boliviano, Evo Morales, que, segundo a revista, "foi aconselhado, e aparentemente inspirado, por Chávez".

"Para os críticos do governo Lula, a submissão do Brasil desmascarou a confusão no coração de sua política externa", diz a reportagem, que menciona ainda um suposto viés ideológico nas relações internacionais do país, colocado acima dos interesses nacionais.

O texto destaca que, como Lula provavelmente irá se candidatar à reeleição, parte dessas críticas são apenas manifestação da oposição, mas "também há algum fundamento", e cita como exemplo a busca do Brasil por maiores ligações com países africanos, do Oriente Médio e da Ásia, "com resultados esquálidos".

A reportagem lembra ainda a situação frágil do Mercosul e da Comunidade Sul-Americana de Nações, "fadada à irrelevância" devido às divisões internas.

O projeto de Chávez para a América do Sul é diferente daquele do Brasil, lembra a revista. "Onde o Brasil quer integrar, a Venezuela quer dividir. Sob Chávez, a Venezuela não respeitou nem contratos nem regras democráticas. O Brasil não apenas ficou em silêncio sobre tal conduta, como encorajou a Venezuela a entrar no Mercosul."

"O Brasil falhou em articular uma alternativa clara ao 'chavismo'", acrescenta a reportagem. "Há não muito tempo, os líderes (do Brasil) tinham uma visão de integração regional baseada na democracia (...)

Não é difícil concluir que essa visão está sendo sacrificada em nome de um impulso pueril de envolver aqueles que vendem a retórica populista do 'antiimperialismo'. Os brasileiros podem pagar um preço por isso em breve."